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segunda-feira, 29 de julho de 2019

Conto Teatral 06 (Texto)

Espetáculo
AS CUMADI VEIA
           
                  

PERSONAGENS
Tonha 
Ciça                                                                                                                                                                      
Sivirino  
Filha 
Coroné 
Kimeteu 
Fresquito 
Menino
Neca  

(Entra as cumadis conversando com suas xícaras na mão tomando chá e sentam nos bancos)
TONHA - Mais cumadis que tempos difíceis né, inxente nuns canto, seguidão noutros, num to intidendo é mais nada
CIÇA - É o fim dos tempos cumadi, como dizia minha finado vo
NECA - Queira Deus que as coisa miore. Hum mais esse chazim ta um diliça!
TONHA - Gostou cuimade é de hortelã com cidreira, e essa bruaca ta bem sequinha (Menino se aproxima espiando)
CIÇA - Quer não Francisquim uma bruaquinha?(Menino desconfiado) Pega menino, pode pegar, tem de sobra
MENINO - Vai se salvar alguma arma no céu é? Por que pra vocês tarem com esse dengo comigo!
NECA - Nós gosta sim, apesar das suas danação com nós
TONHA - É verdade a gente sabe que é coisa de minino malino, né cumadis?
CIÇA - É sim, cuida coma (Quando o menino vai pegar a bruaca as cumadi pegam ele)
NECA - Segura cumadi que é hoje que nós se vinga!
MENINO - Me solta suas veia doida, me solta seus satanás!
TONHA - Ande cumadi, traga logo a bacia, que hoje essa peste vai tomar um baim!
MENINO - Não água não, pero amor de Deus, eu num gosto de tomar baim
NECA - Ta tudo aqui cumadis, bucha, caco de teia, aceptou, sabão de coco e até folha de melão caitano eu truxe
MENINO - Meus Deus elas vão me matar, alguém me acuda, essas veia tão doida
TONHA - Hora cale a boca, tamo fazendo é um favor a vosmicê, rumbora cumadis infrega que o sujo de cem ano sai
CIÇA – (Terminam o banho e soltam o menino) Pronto, chega ficou mais alvo o indigente (Riem)
NECA - Mais em compensação oia a cor da água na bacia, é barro puro (Riem, o menino volta na carreira gritando ao som de tiros)
MENINO - Corram, corram, salve-se quem puder!
TODAS – O que foi isso menino malino?
MENINO - O cangaceiro Sivirino chegou na cidade matando todo mundo (Tiros as cumadis, correm pelo espaço desesperadas) SIVIRINO – Quero saber se é por aqui que mora um cabra safado chamado Kimeteu ? É aqui veia?                                                      (Aponta a arma para uma das cumadi)
TONHA - É sim sinhor, é o delegado da cidade fio do coroné migué
SIVIRINO - Ainda prucima é delagado, nem eu que sou um fora da lei sou tão atrevido, donde ele mora? Ou mior oces dêem um jeito dele chegar aqui agora ou então vão já se incontrar com o diabo pessoalmente
MENINO – De novo e ele já num ta aqui na nossa frente
NECA – Cala boca inseto da ligua froxa. Pode deixar coroné esse menino malino aqui vai
SIVIRNO - Pois cuida peste piquena, coisa pra mim num gostar é de minino, pq de minino nem o cão gosta, quem dirá eu;
Dizia minha falicida mãe que num tarde dessa o diabo resoveu fazer uma visita a terra pra cobrar as dividade quem o divia,          e num camim das suas cobranças, viu bem de longe, uma cambada de minino, o cão ligeiro se aperriou-se e se transformou numa cabeça de cumpi, mode os menino num vê e passar direto, tudo tava certo ate um dos condenado miúdo olhar e vê a cabeça de cupim no alto duma carnaubeira, sem delongas chamou os otos indemoniado e gritou tinindo:
MENINO - Olhe ali negrada, uma cabeça de cupim, peda nele!
SIVIRINO - E lascaro peda no cupim e o diabo apedrejado pulou dicima da carnubeira e correu doidim (Rir) Gosto muito dessa instoria. Mais mudano de assunto cadê o cabra que madei buscar?
MENINO - Ele disse que num se avexasse não que ele vinha já
SIVIRINO - E ainda é corajoso e distemido!
CORONÉ - Corage pode ate num ter, mais o pai dele aqui tem de sobra, quem deseja falar com meu fio Kimeteu?
SIVIRINO - Sou eu Sivirino Virgulino dos tiros certo, primo legítimo de lampião
CORONÉ - Vixe por que num me dissero logo que to na frente duma otoridade da caatinga (Faz reverencia)
SIVIRINO - Quedi seu fio to aqui por ele
KIMETEU – Oi, sou eu o delegado que Kimeteu as vossas ordi capitão (Escondido atrás do coroné com medo)
SIVIRINO - Vosmece gosta de meter o dedo onde num deve né?
KIMETEU - Oxe coroné se foi só o dedinho pra que essa briga toda?
SIVIRINO - Ocê mexeu com a fia errada cabra safado
CORONÉ - Você é doido? Cum tanta menina nova perai, oce acha logo de frescar com a fia do cangaceiro
KIMETEU -Oxe paim, na hora do baculejo e do abufelado num escuro, a gente num pede identidade não
SIVIRINO - Rumbora home, arrume logo suas coisa, que sua vida agora é num cangaço
KIMETEU - Mais seu Sivirino, isso num pode acunticer,  pois por aqui tenho muito siviço pra fazer
SIVIRINO - Ou vai você, ou sua minhoca...
KIMETEU - Sendo assim, a minhoca pode inté viver sem o home, mais o home não vivi sem a minhoca, eu vou, tome paim (Entrega o cassetete) Tome de conta das providencia por mim
SIVIRINO - Muito bem, gosto de cabra é assim, mais ante deixe eu mostrar quem veio comigo, o meu fio, que agora virou muier, eu como sou é cabra escroto, resovi aceita ele come ele é (Aparece o fio vestido de menina)
KIMETEU - Oxe o que diabo é isso capitão?
SIVIRINO - Isso aí é a muier que tu se agarrou num escuro, sem saber o que que é, era meu fio Rosário que virou                  Rosinha treléle
FILHA - Ande pra cá meu nego, que já tava com sordade de tu, de hoje tu não passa é de noite que pego tu
KIMETEU - Arriegua, paim socorro! Socorro meu paim! (Sai sendo arrastado)
CORONÉ – Quem pariu seus Matheus que balance!
CIÇA – Vixe lascou-se o cotiado do Kimeteu, foi cutucar justamente a fia do home mais valente do cangaço
TONHA - Coitado do pobe Kimeteu, onde foi que se meteu
CIÇA - Se agarrando com um cravo prensando que era rosa
NECA – Agora vai casar a força por que o capitão não quer prosa.
(Riem falando do delegado o menino vem de surpresa e joga mijo nas cumadi  e elas correm desesperadas, o menino fica em cena bolando de rir. Aparece o Fresquito pra encerrar)


Autoria e Direção
Célio Mendes

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