Espetáculo
AS
CUMADI VEIA
PERSONAGENS
Tonha
Ciça
Sivirino
Filha
Coroné
Kimeteu
Fresquito
Menino
Neca
Neca
(Entra as cumadis conversando com suas xícaras na mão
tomando chá e sentam nos bancos)
TONHA - Mais cumadis que tempos difíceis né, inxente
nuns canto, seguidão noutros, num to intidendo é mais nada
CIÇA - É o fim dos tempos cumadi, como dizia minha
finado vo
NECA - Queira Deus que as coisa miore. Hum mais
esse chazim ta um diliça!
TONHA - Gostou cuimade é de hortelã com cidreira, e
essa bruaca ta bem sequinha (Menino se aproxima espiando)
CIÇA - Quer não Francisquim uma bruaquinha?(Menino desconfiado) Pega menino, pode
pegar, tem de sobra
MENINO - Vai se salvar alguma arma no céu é? Por que
pra vocês tarem com esse dengo comigo!
NECA - Nós gosta sim, apesar das suas danação com
nós
TONHA - É verdade a gente sabe que é coisa de minino
malino, né cumadis?
CIÇA - É sim, cuida coma (Quando o menino vai
pegar a bruaca as cumadi pegam ele)
NECA - Segura cumadi que é hoje que nós se vinga!
MENINO - Me solta suas veia doida, me solta seus satanás!
TONHA - Ande cumadi, traga logo a bacia, que hoje
essa peste vai tomar um baim!
MENINO - Não água não, pero amor de Deus, eu num
gosto de tomar baim
NECA - Ta tudo aqui cumadis, bucha, caco de teia,
aceptou, sabão de coco e até folha de melão caitano eu truxe
MENINO - Meus Deus elas vão me matar, alguém me acuda,
essas veia tão doida
TONHA - Hora cale a boca, tamo fazendo é um favor a
vosmicê, rumbora cumadis infrega que o sujo de cem ano sai
CIÇA – (Terminam o banho e soltam o menino) Pronto, chega ficou
mais alvo o indigente (Riem)
NECA - Mais em compensação oia a cor da água na
bacia, é barro puro (Riem, o menino volta na carreira gritando ao som de
tiros)
MENINO - Corram, corram, salve-se quem puder!
TODAS – O que foi isso menino malino?
MENINO - O cangaceiro Sivirino chegou na cidade
matando todo mundo (Tiros as cumadis, correm pelo espaço desesperadas) SIVIRINO – Quero saber se é por aqui que mora um cabra
safado chamado Kimeteu ? É aqui veia? (Aponta a arma para uma das cumadi)
TONHA - É sim sinhor, é o delegado da cidade fio do
coroné migué
SIVIRINO - Ainda prucima é delagado, nem eu que sou um
fora da lei sou tão atrevido, donde ele mora? Ou mior oces dêem um jeito dele
chegar aqui agora ou então vão já se incontrar com o diabo pessoalmente
MENINO – De novo e ele já num ta aqui na nossa frente
NECA – Cala boca inseto da ligua froxa. Pode deixar
coroné esse menino malino aqui vai
SIVIRNO - Pois cuida peste piquena, coisa pra mim num
gostar é de minino, pq de minino nem o cão gosta, quem dirá eu;
Dizia
minha falicida mãe que num tarde dessa o diabo resoveu fazer uma visita a terra
pra cobrar as dividade quem o divia, e num camim das suas cobranças, viu
bem de longe, uma cambada de minino, o cão ligeiro se aperriou-se e se
transformou numa cabeça de cumpi, mode os menino num vê e passar direto, tudo
tava certo ate um dos condenado miúdo olhar e vê a cabeça de cupim no alto duma
carnaubeira, sem delongas chamou os otos indemoniado e gritou tinindo:
MENINO - Olhe ali negrada, uma cabeça de cupim, peda
nele!
SIVIRINO - E lascaro peda no cupim e o diabo apedrejado
pulou dicima da carnubeira e correu doidim (Rir) Gosto muito dessa instoria. Mais
mudano de assunto cadê o cabra que madei buscar?
MENINO - Ele disse que num se avexasse não que ele
vinha já
SIVIRINO - E ainda é corajoso e distemido!
CORONÉ - Corage pode ate num ter, mais o pai dele
aqui tem de sobra, quem deseja falar com meu fio Kimeteu?
SIVIRINO - Sou eu Sivirino Virgulino dos tiros certo,
primo legítimo de lampião
CORONÉ - Vixe por que num me dissero logo que to na
frente duma otoridade da caatinga (Faz reverencia)
SIVIRINO - Quedi seu fio to aqui por ele
KIMETEU – Oi, sou eu o delegado que Kimeteu as vossas
ordi capitão (Escondido
atrás do coroné com medo)
SIVIRINO - Vosmece gosta de meter o dedo onde num deve
né?
KIMETEU - Oxe coroné se foi só o dedinho pra que essa
briga toda?
SIVIRINO - Ocê mexeu com a fia errada cabra safado
CORONÉ - Você é doido? Cum tanta menina nova perai,
oce acha logo de frescar com a fia do cangaceiro
KIMETEU -Oxe paim, na hora do baculejo e do abufelado
num escuro, a gente num pede identidade não
SIVIRINO - Rumbora home, arrume logo suas coisa, que
sua vida agora é num cangaço
KIMETEU - Mais seu Sivirino, isso num pode acunticer, pois por aqui tenho muito siviço pra fazer
SIVIRINO - Ou vai você, ou sua minhoca...
KIMETEU - Sendo assim, a minhoca pode inté viver sem o
home, mais o home não vivi sem a minhoca, eu vou, tome paim (Entrega o cassetete) Tome de conta das
providencia por mim
SIVIRINO - Muito bem, gosto de cabra é assim, mais ante
deixe eu mostrar quem veio comigo, o meu fio, que agora virou muier, eu como
sou é cabra escroto, resovi aceita ele come ele é (Aparece o fio vestido de menina)
KIMETEU - Oxe o que diabo é isso capitão?
SIVIRINO - Isso aí é a muier que tu se agarrou num
escuro, sem saber o que que é, era meu fio Rosário que virou Rosinha treléle
FILHA - Ande pra cá meu nego, que já tava com
sordade de tu, de hoje tu não passa é de noite que pego tu
KIMETEU - Arriegua, paim socorro! Socorro meu paim! (Sai sendo arrastado)
CORONÉ – Quem pariu seus Matheus que balance!
CIÇA – Vixe lascou-se o cotiado do Kimeteu, foi
cutucar justamente a fia do home mais valente do cangaço
TONHA - Coitado do pobe Kimeteu, onde foi que se
meteu
CIÇA - Se agarrando com um cravo prensando que era
rosa
NECA – Agora vai casar a força por que o capitão
não quer prosa.
(Riem
falando do delegado o menino vem de surpresa e joga mijo nas cumadi e elas correm desesperadas, o menino fica em
cena bolando de rir. Aparece o Fresquito pra encerrar)
Autoria e Direção
Célio Mendes
0 comentários:
Postar um comentário