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segunda-feira, 29 de julho de 2019

Conto Teatral 01 (Texto)

Espetáculo
AS CUMADI VEIA

PERSONAGENS 
Fresquito - Anderson
Cumadi Creuza - Wallison
Cumadi Neca - Rafael
Véi Manéu – J. Neto
Moça da Chita – Célio
Véi Joaquim – Marcos
Véi Antoin - Davi

FRESQUITO (De cavalo de pau) Óia, eu disconheço um interior do sertão que num tenha uma instoria quaisquer pra contar. No interior tem todo tipo de instoria que você possa imaginar, desde conto de assombração, instoria de caçador, de corno, galã, cabra valente, mole, instoria de mocinha bonita, coronel que manda em tudo, defunto e rapariga feia, isso não pode faltar (Rir). É instoria pra não se acabar mais, né não?(Pergunta a alguém da platéia). Advinha como é que eu sei disso? (Pergunta a outra pessoa da platéia). Hora, basta só dá uma voltinha a pé ou de bicicleta no interior de tardizinha. Você vê a negrada toda assentada nas calçada das ruas, falando e fazendo tudo que você pode imaginar. Óia, é véia rezando, menino correndo, gente jogando, uns bebendo, outros se catando, uns bringando, gente varrendo terreiro, uns escutando rádio, alguns vendendo coisa, outros fazendo coisa, e craro, não pode faltar aqueles que presta atenção na vida alheia. (Gargalhada) Eita chega cansei meu povo (Rir)
Mais ói, no interior de “Quengás” lá onde o vento faz a curva, tinha tudo isso e muito mais, como um arrasta pé, chamado, “O Forró dos Banguelo”, pense num forrozim bom, conhecido que só, dá até pra adivinha o pruquê do nome né? Isso eu nem preciso expricar, pois a véarada era tanta, que moçã nenhuma lá pudia entrar (Musica - Começa o forró)

1º Conto - O FORRÓ DOS BANGUELO E A MOÇA DE CHITA CURTA 
(Musica começa a tocar, entra os Véi e as Véia e começa a dançar, a rasta também gente dá platéia pra dançar)

FRESQUITO Pois num é, que naquela merma hora, quando o forrozim tava quente, aprumado e arretado, acunticeu o inesperado; Entra na farrubamba, uma moça vestida de chita, com um vestidinho tão  curtinho, que dava até pra vê as prega da priguita. Ave Maria que nunca houve ribuliço pior, as véia arrastarm os véi, que tavam com os zoi, óia o tamaim (Gesto com a mão). A bicha toda reboculosa dançava como quem queria prosa, girava pelo salão dispeijando sua izuberância mimosa. (Moça dança) Foi então que o véi Manéu, do nada se aponquentou e sacudiu sua veia no chão (Joga a veia) ligeiro se atrancou com a moça encostando nela  seus cunhão, (Agarra a moça) o arroxo foi tão grande que a coitada num agüentou não, soltou do nada um peidinho, que fedia a inxofre e manjerição, (Som do peido)
VÉI MANÉU – Num importa a cantiga, nem fedor do seu peido, um moça assim como você, até seu peido eu cheiro.
CREUZA – Vixe que cabra danado, pra num sentir essa caatinga só pode ta é enfeitiçado
NECA – Eita cumadi que nunca senti pudriça pior, que bichinha do fato pôdi, borá sair daqui que é mior (Querem sair mais ficam)
MOÇA – Se achegue aqui meu veinho, venha vou lhe ensinar como se dança um miudinho, agüenta véi safado, (Pega na bunda do Véi) que hoje tu vai se lascar todinho...
FRESQUITO  Num sabia ele coitado, que ia se dirmantelar todim, por que a moça parecia ta possuída pelo cramunhão e começou a rodar com o véi, pelo mei do salão,(Sai dançando freneticamente com o véi) era sina da desgraça, parecia assombração. (Musica Instrumental seguida da musica o Espinhaço do Véi)

FRESQUITO  Di repente um espanto,(O véi cai no chão) o véi parecia um mulambo (Seu Manél todo mole) num tinha força pra nada, nem pra sair do canto, os zoi esbrugaiado, o espinhaço parece que tava quebrado. Né que ele tinha se rendido aos encanto daquela moça bonita, que no gira gira de cada rodada, (Moça gira e vai se transformando) foi logo se revelando pra negrada, era o diabo vestido de saia,  que queria uma alma, e ali deu uma passada.
CREUZA – Valei – me nossa senhora! Que peste da mulestia é essa minha cumadi?
CUMADI NECA – É o coisa ruim minha fia, que vei pá apoquentar a humanidade!
VÉI JOAQUIM – Corre negrada enquanto é tempo!
VÉI ANTOIN - Antes que essa praga dê uns coice jumento.
FRESQUITO  Correu véia, correu véi, pelo mundo desesperado, (Corre todo mundo) e o Forró dos Banguelo ficou amaldiçoado, depois que a moça do vestido de chita que mostrava a priguita, era o diabo disfarçado (Gargalhada do Diabo de Saia Dançando pela plateia até sair de cena)


Autoria e Direção
Célio Mendes

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