Espetáculo
AS
CUMADI VEIA
PERSONAGENS
Fresquito
- Anderson
Cumadi
Creuza - Wallison
Cumadi
Neca - Rafael
Véi
Manéu – J. Neto
Moça
da Chita – Célio
Véi
Joaquim – Marcos
Véi Antoin - Davi
FRESQUITO –
(De cavalo
de pau)
Óia, eu disconheço um interior do sertão que num tenha uma instoria quaisquer pra
contar. No interior tem todo tipo de instoria que você possa imaginar, desde
conto de assombração, instoria de caçador, de corno, galã, cabra valente, mole,
instoria de mocinha bonita, coronel que manda em tudo, defunto e rapariga feia,
isso não pode faltar (Rir). É instoria pra não se acabar mais, né não?(Pergunta a alguém da
platéia). Advinha
como é que eu sei disso? (Pergunta a outra pessoa da platéia). Hora, basta só dá uma
voltinha a pé ou de bicicleta no interior de tardizinha. Você vê a negrada toda
assentada nas calçada das ruas, falando e fazendo tudo que você pode imaginar.
Óia, é véia rezando, menino correndo, gente jogando, uns bebendo, outros se
catando, uns bringando, gente varrendo terreiro, uns escutando rádio, alguns vendendo
coisa, outros fazendo coisa, e craro, não pode faltar aqueles que presta
atenção na vida alheia. (Gargalhada) Eita chega cansei meu povo (Rir)
Mais
ói, no interior de “Quengás” lá onde o vento faz a curva, tinha tudo isso e
muito mais, como um arrasta pé, chamado, “O Forró dos Banguelo”, pense num
forrozim bom, conhecido que só, dá até pra adivinha o pruquê do nome né? Isso
eu nem preciso expricar, pois a véarada era tanta, que moçã nenhuma lá pudia
entrar (Musica
- Começa o forró)
1º Conto - O FORRÓ DOS
BANGUELO E A MOÇA DE CHITA CURTA
(Musica começa a tocar, entra os Véi e as
Véia e começa a dançar, a rasta também gente dá platéia pra dançar)
FRESQUITO –
Pois num é, que naquela merma hora, quando o forrozim tava quente, aprumado e
arretado, acunticeu o inesperado; Entra na farrubamba, uma moça vestida de
chita, com um vestidinho tão curtinho,
que dava até pra vê as prega da priguita. Ave Maria que nunca houve ribuliço
pior, as véia arrastarm os véi, que tavam com os zoi, óia o tamaim (Gesto com a mão). A bicha toda
reboculosa dançava como quem queria prosa, girava pelo salão dispeijando sua
izuberância mimosa. (Moça dança) Foi então que o véi Manéu, do nada se
aponquentou e sacudiu sua veia no chão (Joga a veia) ligeiro se atrancou
com a moça encostando nela seus cunhão, (Agarra a moça) o arroxo foi tão
grande que a coitada num agüentou não, soltou do nada um peidinho, que fedia a
inxofre e manjerição, (Som do peido)
VÉI MANÉU – Num importa a cantiga, nem fedor do seu peido,
um moça assim como você, até seu peido eu cheiro.
CREUZA – Vixe que cabra danado, pra num sentir essa
caatinga só pode ta é enfeitiçado
NECA – Eita cumadi que nunca senti pudriça pior,
que bichinha do fato pôdi, borá sair daqui que é mior (Querem sair mais ficam)
MOÇA – Se achegue aqui meu veinho, venha vou lhe
ensinar como se dança um miudinho, agüenta véi safado, (Pega na bunda do
Véi)
que hoje tu vai se lascar todinho...
FRESQUITO –
Num sabia ele coitado, que ia se dirmantelar
todim, por que a moça parecia ta possuída pelo cramunhão e começou a rodar com
o véi, pelo mei do salão,(Sai dançando freneticamente com o véi) era sina da desgraça,
parecia assombração. (Musica Instrumental seguida da musica o Espinhaço do Véi)
FRESQUITO –
Di repente um espanto,(O véi cai no chão) o véi parecia um
mulambo (Seu
Manél todo mole)
num tinha força pra nada, nem pra sair do canto, os zoi esbrugaiado, o
espinhaço parece que tava quebrado. Né que ele tinha se rendido aos encanto
daquela moça bonita, que no gira gira de cada rodada, (Moça gira e vai se
transformando)
foi logo se revelando pra negrada, era o diabo vestido de saia, que queria uma alma, e ali deu uma passada.
CREUZA – Valei – me nossa senhora! Que peste da
mulestia é essa minha cumadi?
CUMADI NECA – É o coisa ruim minha fia, que vei pá
apoquentar a humanidade!
VÉI JOAQUIM – Corre negrada enquanto é tempo!
VÉI ANTOIN - Antes que essa praga dê uns coice jumento.
FRESQUITO – Correu véia, correu véi, pelo mundo
desesperado, (Corre todo mundo) e o Forró dos Banguelo
ficou amaldiçoado, depois que a moça do vestido de chita que mostrava a
priguita, era o diabo disfarçado (Gargalhada do Diabo de Saia Dançando pela
plateia até sair de cena)
Autoria
e Direção
Célio Mendes
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