AS CUMADI VEIA
Parteira Ciça
Parteira D. Neca
Parteira D. Zumira
Chico
Menino
Véia do Quebrante
Mulher 1
Mulher 2
Mãe do Anjinho
(Musica
- Enterro de um anjinho a mãe chora desesperada a perda do filhinho)
D. CIÇA - Ave Maria que coisa mais triste, um tempo
desse e ainda se interra anjinho
D. ZUMRIA - Fazia era tempo que a pobi da Cidinha mais
seu Arnou queria essa criança,
D. NECA - Que pena que num deu tempo de nós chegar pra
fazer o parto da bichinha
D. CIÇA - Verdade viu cumadi, mais dissero que antes
dela sentir a dor de parir, uma coruja veia, avou azalando por riba da casa
D. ZUMIRA - Eu soube, disse que rasgava feito trovão
quando vem depois do relampo
D. NECA - E num é a prêmera e nem a ultima vez que
essa bicha maldita aparece por essas banda
D. CIÇA - Assombração da desgraça, dizem por ai que
foi uma mãe que perdeu um fio e se transformou numa rasga mortaia e vivi por ai
as boca da noite agorando as mães que tão perto de parir voando pru riba das
casa
D. ZUMIRA - Verdade cumadi, diz que ela se trasnforma na
coruja maldita por que quando o fio nasceu logo morreu e uma parteira escondeu,
pois a criança era nascida feia como a besta fera, daí ela se revoltou.
D. NECA - Pois eu num tenho medo não, por mim pode vim
até dez, donde é que existe uma coisa dessa, coruja é so um passarim que gosta
de pertubar quem acredita numa cunversa dessa
D. CIÇA - Creio em Deus pai... (Se benze) Se um dia eu vê uma
bicha dessa eu num sei o que faça
D. ZUMIRA - Num é cumadi nem me fale... Vamo cuidar que hoje tem parto pra nós (Saem falando)
(Gritos
de mulheres com dor de parto aparecem em cena as parteiras cuidando das
mulheres deitada junto com Batoré e o filho)
MULHER 1 - Ai minha nossa senhora do bom parto, acuda-me!
MULHER 2 – Ta rasgando é tudo minha santa edi virgem!
MULHER 1 – Minhas nossa senhora das dores!
MULHER 2 – Que dor é essa? Acabando as minha prega?
D. CIÇA – Seu Chico cuide e traga o chá de camumila
home! (Recebi
o chá)
Cuide tome aqui esse chá e deixe de gritar
D. ZUMIRA – Seu Chico cuida traga o chá de Eva doce! Abra
a boca e tome o chá e rumbora rispirar
D. CIÇA- Respire! (Corre pra lá e pra cá olhando as mulheres
com um terço na mão) Respire! E façam força!
(Rasga
mortaia rasgando pelo espaço entra a parteira Edina espantando a bicha)
D. NECA - Vixe nossa senhora rosses ouviram cumade? A
rasgada da mortaia?
D. ZUMIRA - Escutei sim, acho que ta voando aqui pru
fora
D. NECA - Deixe comigo minhas cumadi e cuidem em fazer
os parto. (Aparece
a coruja voando)
Vá agôrar pra ondas do mar sagrado!
D. CIÇA - (Os menino chora) Nasceu cumadi! Nasceu!
D. NECA - Graças a Deus botei o agôro da meia noite
pra ir embora (Musica)
S. CHICO - Passado o tempo as mãe tava tudo filiz
mostrando os fio na comunidade/ Era uma caducagem medonha/ mostrava aqui/
mostrava ali/ e iam exibindo os rebento com muita felicidade
MULHER 1 - O meu vai se chamar Tenório
MULHER 2 - A minha vai se chamar Conceição
(Conversam olhando os bêbês, vem mostrando ao publico e
chegando perto duma veia que está na platéia)
V. DO QUEBRANTE - Vixe que crianças mais lindinha!
MULHER 1 - Disconjuro é a veia Matilde da subranceia
junta...(As
mulheres escondem as crianças)
VÉIA D. QUEBRANTE - Desenrole os bichim que eu quero vê!
MULHER 2 - Deus me defenda dela botar o oi em cima, é
quebrante de morte na hora, ainda mais com essa sobranceia junta, diz que é a
pior espécie de quabrante que existe
MULHER 1 - Dizem que o ultimo que ela viu ficou tão
esmuricido que morreu o bichim
VÉIA D. QUEBRANTE – Ande, deixe eu ver o rostinho do
rebento (As mães
se fastam medrosas)
D. NECA - Num vai vê nem arrebentado quem dirá rebento!
(Aparece
a parteira Edina)
Tome logo isso aqui e dipindure no seu pescoço que é mior (Entrega alho)
VÉIA DO Q. - E Pra que diabo eu quero alho se lá em casa
ta cheim da negrada mi dá
D. NECA - É pra tu se inxemplar e deixar de botar mau
olhado nos fi alhei
VÉIA D. Q. - Pois fique vocês sabeno que agora o bicho
vai pegar (Começa
a se sacudir e vira na rasga mortaia)
MULHER 1 - Oh Curdiacho!
MULHER 2 - Oh Curmil! Donde já si viu?
D. NECA – Num é que a veia da subranceia junta é a
coruja que atenta as muier que pariu!
VÉIA D. Q. - Pelas mortaia dos difunto interrado, pelas
praga dos seissentos mil diabo, vou vuar tinindo rasgado, agôrando os seus fi pagão,
vou levar pra minha cova, pra comer feito minhoca com as orde do cramunhão (Chega as outras
parteiras)
D. ZUMIRA – É ai que você se engana, pois com Deus num se faz hora, ainda mais com
nossa senhora a quem pedimos proteção (Tiram os terços)
D. CIÇA - Corre pra cima mortaia veia, que nós vamo te
dá uma lição (Briga
das parteira com a rasga mortaia)
S. CHICO - E a
peia foi grande, entre as parteira e a rasga mortaia/ tapa vinha, tapa voltava/
e num meia daquela esculhambação, no gira gira da cangaia/ prendero a rasga
mortaia/ e tacaram ela no chão/ a coruja veia ficou tão doida que já caiu
pedindo perdão/ pegou o beco toda desmantelada/ pois sabia que ali, num venceia
não
VÉIA D. Q. - Ai ai ai! Que a peia foi demais! (Sai tonta, gritando e
trambicando entre a platéia)
TODOS - Viva os noivos, viva os noivos!
MULHERES - Vai rasgar lá pra onda do mar sagrado!
D. ZUMIRA - Vai- te praga e aqui num volte mais, quando
pensar em agôrar os oto
D. CIÇA - Saiba que Deus é quem manda
D. NECA - Mais nós aqui é quem faz! (Dão risada e todos
começam a cantar dançando)
Autoria
e Direção
Célio
Mendes
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