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segunda-feira, 29 de julho de 2019

Conto Teatral 02 (Texto)

Espetáculo
AS CUMADI VEIA

PERSONAGENS
Neca 
Cumadi Creuza 
Joaquim Sereno 
Véia Tonha 
Padre 
Delegado 
Menino 
Zé Osvaldo 

(Entra o menino cantando)

Você que tem a língua grande
Igual a de tamanduá
Fala mal de todo mundo
Só com intenção de derrubar
No dia que você morrer
Vai morrer pulando e fazendo carêta
Teu corpo vai num caminhão
Mas a tua língua vai numa carrêta
                 
(Fuxiqueira aparece e joga um balde d’agua no menino)

NECA – Toma desgraça pionheta do satanás, há condenado piqueno pra pertubar, vem cão miudo pra cá de novo. Esse traste todo dia vem aqui na minha porta fazer hora com a minha cara com essa canturia. Vem de novo peste do seiscentos mil diabo. Tu num tem casa não?(Grita) Infeliz das costa oca! Deixa eu vê tua mãe, aquela cachorra maga sem marido, pra me dizer a ela das tuas astucia, fi duma quenga. (Saindo e indo para platéia com o prato na mão batendo ovo) Negada me desculpe os palaviado, é por que tem hora que num dá pra aguentar minha gente. A vida desse povo daqui, é dizer que eu ando falando da vida alheia, donde já se viu uma muier que nem eu, num tenho tempo nem pra mijar direito, avali, pra ta perdendo meu tempo com a vida disgarçada dessa cambada de lascado daqui.  (Vai passando uma cumadi)                                                                      
CREUZA- Boa noite cumadi Neca?
NECA - Boa noite! Mais óia aí, Cumadi Creuza tava doida pra ti vê! To ouviu falar que Joaquim Sereno vai se casar?
CREUZA – Ouvi por alto cumadi, pruquê?
NECAPruquê as má língua tão dizeno por aí, que ele vai casar, e tu sabe cum quem é?
CREUZA Eita, e cum quem é? Arrota logo essa novidade!
NECA – Muier, e num é com a Véia Tonha, dona da usina, daquela usina veia caindo os pedaço que o viúvo dela deixou quando bateu a casuleta, e o pior de tudo cumadi, tu num sabe...
CREUZA - Muier conte, chega to toda impatacada de curiosidade, fale...
NECA - Né que a cabra véia sem vergonha, num ta barriguda de Joaquim Sereno, por isso o avexame de se ajuntar.                                    
CREUZA - Mais que véia discarada né cumadi? Imbuchou com aquela idade, tão boa de porcurar um pinico pra se assentar
NECA – E ainda tem mais, disseram que vai ter casório com direito a páde, com papé passado e tudo mais...
CREUZA – Vixe! E quando há de acuntecer essa disgracença cumadi?
NECA - Hora minha fia, diz que é hoje mermo, na boca da noite. Até o véi Osvaldo foi chamado pra tocar...
CREUZA – Vaila, e tu num foi convidada não cumadi?
NECA – Oxe, fui nada muier, mais mermo assim, não perdo por nada, e tu sabe que sou danada, eu vou é lá brechar. (Risada das duas)
CREUZA - Pois num se isqueça, de quando vortar, deixar de me cuntar.
NECA - Mar menino, deixe comigo, tu acha que vou deixar isso passar... (Gargalham e saem de cena)
J. SERENO – (Entra J. Sereno com a banda - MUSICA: USINA) Ajustei um casamento, com a nêga dum bordel, pensando que era uma moça, e era o diabo duma veia. (Chega a veia Tonha de noiva barriguda)
BANDA - Tombo no martelo tombador, (Usina) Tombo no martelo militar (Oh Usina)
VÉIA TONHA – Rumbora meu galim do esporão grosso, que a véia aqui, ta pegando fogo e doida pra casar!                     (Balançando a saia)
J. SERENO - Me caso contigo veia, só se for in condição, d'eu dormir na minha rede, e tu véia, no fogão
BANDA - Tombo no martelo tombador, (Usina) Tombo no martelo militar (Ou Usina)
PADRE – (Chama os noivos e casa) Por que o que Deus o uniu, nem o cão separa!                                                                      (Véia fica querendo beijar o noivo e senti as dores de parir)
J. SERENO - Me casei com esta véia, pra livrar da fiarada, a danada dessa veia, teve 10 numa ninhada
(J. Sereno conversa com a platéia e arrasta 10 pessoas)
J. SERENO - Desses dez que nasceram, 01 deu pra ladrão de bode, deu no tango e deu no mango,                                              dos 10 só ficaram 09.

(Durante a musica aparece o delegado que prende e leva de volta os participantes para a plateia)
J. SERENO - Dos 09 que ficaram, 01 deu pra ladrão de Porco, e deu no tango e deu no mango, dos 09 ficaram 08
J. SERENO - Dos 08 que ficaram, um deu pra ladrão de Jegue, deu no tango e deu no mango, dos 08 ficaram 07
J. SERENO - Dos 07 que ficaram, 01 deu pra ladrão de Rês, deu no tango e deu no mango, dos 07 ficaram 06
J. SERENO - Desses 06 que ficaram, um deu pra ladrão de Pinto, deu no tango e deu no mango, dos 06 só ficaram 05
J. SERENO - Dos 05 que ficaram, 01 deu pra ladrão de Pato, e deu no tango e deu no mango, dos 05 ficaram 04
J. SERENO - Dos 04 que ficaram, um deu pra Roubar Outra Vez, deu no tango e deu no mango, dos 04 ficaram 03
J. SERENO - Desses 03 que ficaram, um deu pra ladrão de Boi, deu no tango e deu no mango, dos 03 só ficaram 02
J. SERENO - Desses 02 que ficaram, um deu pra roubar Jerimum, deu no tango e deu no mango, desses 02 só ficaram 01                                    
J. SERENO - Desse 01 que ficou, 01 deu pra Roubar ladrão, deu no tango e deu no mango e Acabou-se a Geração.                   (Aparece a veia Tonha)
VÉIA TONHA – Olhe aqui meu Serenim, ainda tem mais pra nascer daqui...
J. SERENO – Vai assustar outro véia parideira do cão! (Saem todos correndo e a véia atrás)

(Entra o menino e pega a fuxiqueira espiando)                                                                                                                                                                  
MENINO – Te peguei no flagra véia espiona da língua grande! Toma veia faladeira da vida alheia!


 (Joga água nela e sai cantando)                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     NECA   Há condenado piqueno! Peste dos seiscentos mil diabo, eu vou te pegar danado.                                                                       (Sai correndo atrás do menino irada)

Autoria e Direção
Célio Mendes

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