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segunda-feira, 29 de julho de 2019

Conto Teatral 04 (Texto)

Espetáculo
AS CUMADI VEIA
PERSONAGENS
Zé do Peixe 
Cumadi Tonha 
Cumadi Zumira 
Cumadi Margarida 
Cumadi Catirina 
Seu Tiquim
(Zé entra com vara de pescar, lamduá e bornal pra ir pescar assobiando)
ZÉ DO PEIXE – Todo tipo de peixe eu conheço e você pode apostar; Piranha, Bodó, Traíra, Crumatã, Pacu, Píau, Tabaquim, Galim,Tucunaré e Jacundá. Eita que é peixe pra num se acabar, mais num pense vocês que eu me esqueci do carar, esse peixe é bom demais de pescar. Dou valor demais uma pescadinha, e foi numa dessas minha pescaria que vi uma arrumação que agora eu vou contar; Muito antigamente no interior, as muier se ajuntava pra ir no ri, lavar as roupa incomendada, pois pra isso elas eram paga. Roupa fina, roupa de grife, roupa branca que voltava alva. Elas lavava pra grandes famia conhecida por toda cidade. As lavadeira, também eram ingomadeira e andavam muitas légua pra cumprir sua jornada, entregar as roupa bem direitinha, lavadinha e bem passada. E foi justamente nessas minhas andança, num dia que eu tava a pescar, que di repente um grupo de lavadeira chegou, e começou a cunversar.

(Entra as lavadeira em cena com as bacia e trouxa na cabeça cantando, som de pássaro e rio)

CATIRINA - Eita cumadi que as minhas pernaveia ta só os mulambo de ta lavando essas roupa acocada
ZUMIRA - Nem me fale cumadi, os meus quarto ta arriadim, parece que quanto mais eu recramo pior fica
TONHA - Eu vou cuidar logo in lavar esses mulambo pra butar logo pra cuarar, pq essas roupa do vei Tiquim da muita raiva de lavar, só agua pru cima mermo é o que vou passar
MARGARIDA - Num sei como tu aguenta cumadi!
TONHA - É o jeito né, o pão nosso di cada dia a gente tem que ganhar, já que o marido ta na lida a gente lava roupa pra ajudar
CATIRINA - Graças a Deus que as roupa de coroné migué é boa de lavar
ZUMIRA - As de doutor Galeno eu num tenho do que recramar
TONHA - Mais essas roupa do seu Tiguim num tem quem agüente negrada, pois as cueca do cabra vei, num é que ta tudo cagada,
MARGARIDA - Iga diacho tem merda pra todo lado.
CATIRINA - Fosse eu, lavava só as limpa e as outa cagada eu jogava
TONHA - O probrema é que num tem as outa, por que ta tudo impregnada. (Rir e começam a lavar e bater as roupa cantando)

ZÉ DO P. - Ainda tinha dessas coisas, pras pobi das coitada, que alem de lavar roupa suja, ainda pegava umas cagada. Era assim o vei Tiguim conhecido pelo inxirimento, num pudia vê uma veia, que já queria cabimento, inventava logo uma canturia, pra chamar atenção, gostava de tomar baim no riacho, pra nas cumadi passa a mão, pense num vei invocado, cheio de arrumação. (Chega o vei Tiquim so de calção com um toalha no ombro pra tomar banho no rio. As cumadis se olham e começam a fazer cara feia)

TIQUIM - Eita que incontrei aqui, uma linda paisage, quatro veia lavadeira, e pensei que era mirage, sei que uma lava a minha roupa
TONHA - (A cumadi completa) - Por que as ota num tem coragem                                                                                                 (Riem continuam lavando roupa e olhando as rumações do véi)

TIQUIM - (Musica)


num tem nada mais ingrato
do que a velhice chegando
as mão vai perdendo o tato
as perna se trambicando
molha o bico do sapato
pra mijar é um aperreio
cocô num faço em penico

se acocorar dói o fémo
quanto mais velho eu fico
cada vez fico mais feio
ai, ai, ai. ai, ai, ai.
ai, ai, ai. ai ai ai ai ai ai ai ai!

as trôxa se esvazeia
a péia fica pelanca
vai crescendo a sobrancelha
e a piroca empanca
a voz vai ficando feia
e as ureia se encabela
os ossos se distióra
os quarto desencadela
mais passa o tempo, pióra
mais o véi se disunera
ai, ai, ai. ai, ai, ai.
ai, ai, ai. ai ai ai ai ai ai ai ai!

Os treco é tudo encruado
dá dor da goela à canela
os ovo é incriquiado
enxexela inté a chinela
o figo é distiorado
o côro é todo incardido
dói istombo, dói pulmão
pense nos meu pissuido
o véi num tem mais tesão
os troço é tudo caído
ai, ai, ai. ai, ai, ai.
ai, ai, ai. ai ai ai ai ai ai ai ai!

houve um tempo, o véi gostava
de loira, de ruiva e morena
todas ela eu futricava
eu botava era sem pena
chega a pimba desbotava
nos meu tempo de rapaz
já fiz muita estrepolia
mas foi muito tempo atrás

eu pimbava todo dia
eu tô véi, num pimbo mais!
eu pimbava todo dia
eu tô véi, num pimbo mais!
eu pimbava todo dia
eu tô véi, num pimbo mais!
ai, ai, ai. ai, ai, ai.
ai, ai, ai. ai ai ai ai ai ai ai ai!



ZUMIRA - Tenha vergonha vei safado, sai daqui e vá simbora agora
MARGARIDA - Que cabra vei imoral, onde é que nos tamo que nós num lhe lasca o pau
TONHA - Inspixa vei daqui e leva tuas roupa moíada que alem de tudo, tu ainda me manda cagada
TIQUIM - Oxente cumadi, eu pensei que você tava até acustumada, lavar as minhas roupa com essas bosta espalhada
CATIRINA – Ai é! Pois toma véi safado...
(Elas partem pra cima do véi Tiquim que corre pelo espaço levando uma surra de roupa molhada. Saem de cena)

ZÉ DO P. - E nessa esculhambação eu ali num peguei uma piaba, mais já pensou eu pegar uns peixim, tudo gordim,                de comer as merda das cueca cagada!

(Risada e sai assobiando ao som da musica)
Autoria e Direção
Célio Mendes 

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